Nas sequências e consequências da corrupção, o imoral vai se imiscuindo e se legitimando e, falar de ética, de princípios morais, acaba parecendo algo piegas. Mas, dado que ninguém mais aguenta conviver com o resultado da falta de honestidade e respeito, fica o apelo.
Político! Te quero representando o povo na luta pelo bem comum, por justiça, dignidade, respeito; não para seres visto e aplaudido, mas por compreenderes que este é o teu papel, teu compromisso, e que deves cumpri-lo com retidão e seriedade.
Te quero lá na favela, sondando e reconhecendo entre o povo, suas reais necessidades/dificuldades; não para usá-las arbitrariamente, mas para refleti-las e, num segundo momento, buscar meios de amenizá-las.
Te quero nos abrigos de ônibus, na fila do Sus, nas emergências, no cadastro das agências de emprego, nos pontos de tráfico e prostituição, nas brigas entre meninos de rua, nos assaltos, nas prisões; não porque te deseje todos estes males, nenhum mortal seria capaz de tamanho desprezo, mas para que, constatando estas realidades, te empenhes verdadeiramente na construção e elaboração de políticas públicas capazes de proporcionar uma qualidade de vida mais justa e descente para este povo.
Te quero lá no Palácio reivindicando verbas, recursos; não para comprar votos ou favorecer companheiros, mas para aplicar nos setores que precisam de melhorias, de investimentos.
Te quero comprometido com a causa do desemprego, da violência, da dependência química, da falta de caráter, da impunidade; não por demagogia, mas por responsabilidade, porque as pessoas votaram em ti e esperam que honres tua palavra.
"Só por hoje, cada dia, só por hoje", Político, não nos decepciones outra vez!
Sonia Arnold
É isso Sonia! Pura verdade,e eles estão tão longe dessa realidade dura, cruel. Precisamos pensar muito, peneirar nossos candidatos, quem sabe um dia chegamos lá!
ResponderExcluirParabéns pelo blog!
Um beijo
Sônia
Poética e pertinente essa reflexão. De certa forma, resgatas alguns princípios fundamentais da política. Entre eles o que me parece básico e que muitas vezes tem escapado, o público. Público não no sentia de conjunto de pessoas assistindo ou esperando os políticos - muito pior que assistir. A política como um espaço de discussão do que é público. Aqui entendo a político como um 'ato' de compromisso e de percepção do coletivo. Recuperando aqui a ideia de mundus - fundante do sentimento de comunidade - que é a preocupação para com o outro. Contemporaneamente estamos cada vez mais dando espaço para o bônus, deixando o mundus a deriva. Sendo assim, pensar o político é pensar a todos nós. É recuperar nossa capacidade de indignação. E recuperar a dimensão da tensão que vai na contramão da mesmice. No entanto, é importante lembrar que vivemos numa democracia representativa. Como participamos da vida política da nossa cidade (entende-se aqui política formalizada)? Quais espaços existem para que possamos debater as questões da cidade? Não seria a formalização e a institucionalização da política uma forma de condução política do povo?
ResponderExcluirE é nesse campo de tensões que quero construir o argumento de que o político é - ou deveria ser - um criador, fomentador de espaços para o debate, discussão sobre a cidade, sobre o espaço comum. Vivenciando a multiplicidade de espaços, mas não para lançar suas verdades, ou aproveitar-se para construir discursos emocionados e proféticos, mas, sim, para abrir discussões, escutar as tensões, levá-las para outras esferas da política institucionalizada.
Assim, acredito que o político que quero é aquele que abra espaços para que a política se faça, se fortaleça, enquanto ato de participação das pessoas que vivem no espaço comum. No entanto, uma outra discussão que será tão importante quanto a política, é a ética. Mas, essa lanço como desafio para ir pensando.
E porque não pensar utopicamente num autogoverno coletivo do comum? Quais seriam os desafios dessa perspectiva política?
Abraços,
Luis