segunda-feira, 10 de setembro de 2012

E por falar em família...



Como é bom, depois de um dia extenuante de trabalho ou de uma viagem ou de um encontro com amigos, poder voltar para casa e reencontrar a família! É como pisar em solo sagrado. Sensação de liberdade, descontração. Você abaixa a guarda, abraça, faz graça e encontra, no olhar do outro a segurança, a confiança, o amor que acolhe, ampara e conforta.
Preparar juntos uma refeição, partilhar nosso dia, nossas tristezas, alegrias, frustrações, estresses, glórias... Dividir tarefas, assistir um filme, o noticiário, futebol, um programa infantil; ou até ir para o computador e manterem-se conectados através do face, por vezes é daí que planejamos o fim de semana, as férias, a vida...  
Em família não tem rotina, porque a vida está sempre em processo de construção e transformação, sequências e conseqüências. Ela se fortalece na construção da casa, dos filhos e dos vínculos de amizade.
Quase tudo que se faz em família, é como que efêmero, por um tempo, logo se transforma. É o tempo de amar, de construir laços, fracassos; tempo de sonhar, conquistar o mundo; tempo de se encantar, de se apaixonar, de pensar o futuro; tempo de viver a dois, de ter filhos, de ensinar os primeiros passos, de levar para a escola, de carregar a mochila, os amiguinhos, de entrar em casa tropeçando aqui e ali, numa boneca, num ursinho, um automóvel; Tempo de brincar de amarelinha, de ir à matinê, à pracinha, ao parque de diversões; tempo do confronto de gerações, de soltar a mão, de segurar o coração, de festas, de reuniões; tempo de sintonizar conosco, de pensar novos projetos, novas construções, novos caminhos; o tempo da saudade, de voltar a ser dois ou um, mas noutra perspectiva; tempo de ser pensado, cuidado, carregado, ultrapassado; de voltar a sonhar, de desconstruir o passado, valorizar mais o presente, de desconsiderar o futuro; “tempo, tempo, tempo, tempo...” difícil imaginar a vida, o tempo, fora da família.
 É na família que construímos essa idéia de viver em função do outro, e é assim, construindo e edificando o outro que nos tornamos nós. E nós, são uma espécie de laço. As amizades também geram laços, mas de outra natureza, podemos dizer que são laços periféricos, formados por eus. Os laços de família são como que nós centrais que nos agregam e nos levam para além; os laços de eus, periféricos, são como jardins floridos em torno dos nós, dão cor e aroma à vida, tornando- a mais prazerosa, mas nossa referência, nosso porto seguro ainda é a família.
Na família acontece algo semelhante à organização dos gansos ao voar. Na medida em que crescemos vamos mudando de posição (papel, função) dentro do grupo familiar, e ao assumirmos isso a família permanece unida e sempre capaz de alçar novos vôos. Sagrada Família! Não podemos nos perder de ti!
                                                                                                                                             Sonia Arnold



segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Das conexões que nascem no e do olhar


Apesar de correr o risco de estar fazendo uma agressão poética, compartilho esse pequeno ensaio que brotou durante uma reunião de estudos onde a discussão era sobre um seminário de educação recente, do qual todo o grupo havia participado, e o desafio era construir uma forma de apresentar algumas reflexões construídas à partir das palestras assistidas. 
Enfim, compartilho a forma que encontrei para lançar as reflexões que fui construindo durante o momento. 

Das conexões que nascem no e do olhar

Nas conexões que fizemos
links de emoção estabelecemos.
A vida pulsa em novos territórios,
a cor dos olhos,
pixels aos milhões,
as imagens constituem.
A vida na tela,
e as telas da vida.
Tudo se virtualiza.
No entanto,
mesmo no florescer da cibernética
é o calor do olhar,
que aquece os corações.

Que em educação
possamos a vida fazer pulsar,
numa eterna experiência
de se encantar com um sorriso puro,
um toque, um olhar,
sensibilidade
é isso que a virtualidade pode e deve fomentar,
aos poucos nesse solo cibernético,
nossos pés analógicos,
começam a tocar.

(Luís C. Z. Dhein)

*Tenham todos uma ótima semana!

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Político, para que te quero!

Nas sequências e consequências da corrupção, o imoral vai se imiscuindo e se legitimando e, falar de ética, de princípios morais, acaba parecendo algo piegas. Mas, dado que ninguém mais aguenta conviver com o resultado da falta de honestidade e respeito, fica o apelo.
Político! Te quero representando o povo na luta pelo bem comum, por justiça, dignidade, respeito; não para seres visto e aplaudido, mas por compreenderes que este é o teu papel, teu compromisso, e que deves cumpri-lo com retidão e seriedade.
Te quero lá na favela, sondando e reconhecendo entre o povo, suas reais necessidades/dificuldades; não para usá-las arbitrariamente, mas para refleti-las e, num segundo momento, buscar meios de amenizá-las.
Te quero nos abrigos de ônibus, na fila do Sus, nas emergências, no cadastro das agências de emprego, nos pontos de tráfico e prostituição, nas brigas entre meninos de rua, nos assaltos, nas prisões; não porque te deseje todos estes males, nenhum mortal seria capaz de tamanho desprezo, mas para que, constatando estas realidades, te empenhes verdadeiramente na construção e elaboração de políticas públicas capazes de proporcionar uma qualidade de vida mais justa e descente para este povo.
Te quero lá no Palácio reivindicando verbas, recursos; não para comprar votos ou favorecer companheiros, mas para aplicar nos setores que precisam de melhorias, de investimentos.
Te quero comprometido com a causa do desemprego, da violência, da dependência química, da falta de caráter, da impunidade; não por demagogia, mas por responsabilidade, porque as pessoas votaram em ti e esperam que honres tua palavra.
"Só por hoje, cada dia, só por hoje", Político, não nos decepciones outra vez!
                                                                                                                                         Sonia Arnold

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Vocação e Missão

      "Vocação é um chamado de Deus à serviço dos irmãos".
    Acredito que todos nós nascemos vocacionados, predestinados para algo em especial, e que em determinado momento de nossas vidas seremos chamados à missão, à responsabilidade. Nossa consciência nos dirá que temos um trabalho a realizar em prol do outro. Mas até que ponto nós estamos em sintonia com esta consciência? Nascemos e crescemos envoltos a tantas ilusões, contradições e dificuldades, corremos tanto, queremos tantas coisas que... mesmo querendo ser fiéis a nós mesmos, ainda assim, muitas vezes não conseguimos ouvir aquela voz interior que nos aponta o caminho certo, a direção a seguir. Se a ouvimos, duvidamos, porque as vozes do mundo nos levam para outras direções, nos mostram outras possibilidades e acabamos, no mínimo confusos.

     A vida conjugal, chama-nos a nos colocarmos a serviço da felicidade um do outro. A maternidade/ paternidade, chama-nos a nos colocarmos a serviço do bem estar e formação de nossos filhos. A medicina, chama-nos a nos colocarmos a serviço da saúde do povo de Deus. O magistério, chama-nos a nos colocarmos a serviço da formação humana... e assim por diante. Mas, como pais, médicos, professores, esposos(as) e etc.: muitas vezes nossa maior preocupação está em nos sentirmos felizes, realizados, recompensados, este mundo em que vivemos nos leva a crer que isto é fundamental.

     Nos pré- ocupamos muito com tudo isto e nos ocupamos pouco com o verdadeiro fundamento da vida: A missão para a qual fomos vocacionados, e que uma vez cumprida, há de nos dar tudo isto em acréscimo.

     Uma vela acessa gasta toda a cera da qual é formada, consome-se, para dar luz ao mundo, doar-se ao mundo. Esta é a sua função/ missão. Se ela tivesse escolha, talvez optasse por  permanecer a serviço de si mesma, e, seguiria  inteira, interessante e inútil.

    Enquanto vivermos de aparências, na superfície da vida, sem coragem de olhar para dentro de nós e assumirmos um compromisso com a vida, seremos como a vela, que optou por viver para si mesma. 

Sonia Arnold

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Temporalidades e não-linearidade: soprando idéias para pensar as sequências e conseqüências




O desafio da escrita é sempre instigante. Neste texto quero soprar algumas idéias para pensarmos a temática que o blog provoca em seu título. Sequências e Consequências. A discussão foi aberta, magistralmente, pela Sônia Arnold que trouxe algumas provocações em seu texto, numa perspectiva teológica entrelaçada em alguns apontamentos de ordem psicológica. Procurarei provocar uma reflexão no sentido das temporalidades e da não-linearidade da vida, problematizando a contemporaneidade e os novos desafios que urgem neste século.

         Conta a mitologia grega que existiam dois deuses do tempo, Kairós e Chronos. Chronos era conhecido como o deus do tempo linear, tempo cronológico, o tempo do relógio, medido e cronometrado. Tempo que governa, enquadra, organiza e administra a vida. Kairós era conhecido como o deus do tempo do sentido e da experiência. Kairós estava para além do tempo cronológico. Para Kairós importava o vivido e o sentido daquilo que fizemos na esteira do tempo cronológico. Estava para além do relógio. No tempo Kairós não havia um cronometro, existia sentido. É o tempo da significação. É o tempo da reflexão e do sentido para a existência.

Desta forma, penso que em Chronos podemos pensar a sequência. A seqüência como um trilho de trem, um ou vários caminhos lineares, sem muitos desdobramentos e com pontos de chegada que são na maioria das vezes imaginários. Então, se Chronos é a seqüência e a linearidade, em Kairós teremos uma nova temporalidade, um desdobramento, uma não-linearidade, enfim, um rizoma de significações que pode brotar de cada etapa do trilho do trem da linearidade sequencial de Chronos. Aí cabe questionar, o quanto na dinâmica do mundo globalizado conseguimos pensar e perceber o tempo Kairós em nossas vidas? Vidas marcadas por inúmeros horários, inúmeras informações que nos invadem por todos os lados e que estão nos levando a uma espécie de esquizofrenia global generalizada.

No tempo Kairós temos a possibilidade de refletir sobre as seqüências e conseqüências de cada passo que damos nesta vida. É um tempo que permite um espaço de encontro(s). Um encontro consigo mesmo. Um encontro para com Deus. Entre muitos outros encontros. É uma temporalidade que não interessa para a nova dinâmica econômica e social, pautada cada vez mais na administração da vida. As novas políticas de governo - que são cada vez mais biopolíticas - querem é governar a própria vida humana. Leis, normas, direitos que vão nos capturando nas tramas da legalidade constitucional. Na loucura da esteira de Chronos não mais conseguimos pensar nas prisões imaginárias que estamos inseridos. Passamos a achar normal funcionar 24 horas por dia, comer comida fria, dormir cada vez menos para produzir cada vez mais, entre tantos outros exemplos de coisas que vão capturando nossa potência de vida.

Portanto, sequências e consequências, uma discussão que nos remete a pensar a contemporaneidade e a dinâmica da vida. E de certa forma, acredito que é no resgate e no fortalecimento da reflexão sobre as temporalidades que vamos conseguir refletir de forma mais pertinente sobre como esta nova dinâmica globalizadora e planetária, ao mesmo tempo que nos lança numa vasta rede global, nos captura a própria vida. E é nesse movimento frenético de captura, velocidade de comunicação, necessidade de estar online, de se informar, aprender cada vez mais, que vamos sufocando a possibilidade de deixar pulsar o tempo Kairós que vive no coração de cada um de nós.


Luís Dhein

quinta-feira, 26 de julho de 2012

1, 2, 3, 4... Sequências e Consequências Conectando o Desconexo



Nas sequências e consequências da vida nem sempre conseguimos perceber a relação entre os fatos e ações, entre o antes e o depois, sejam eles reais ou imaginários. Alguns acontecimentos imprimem marcas que vão se conectando com outras realidades, em outros tempos e adquirem uma importância enorme devido à noção que se tem do real. 

As sequências e consequências de encontros e desencontros por vezes edificam, por vezes desvirtuam o indivíduo, grupo, família, comunidade. 

As sequências e consequências do diálogo, da partilha, do entretenimento, do inventário da vida, constroem unidade, familiaridade, parceria, cumplicidade entre indivíduos e grupos. 

Quando olhamos sozinhos para uma direção ou situação, muitas vezes retemos nossa impressão que então se deturpa em meio á imaginação e, na sequência e consequência dos fatos, vai escapando-nos aos poucos a noção do real e nos embaraçamos. 

Mas quando olhamos juntos e partilhamos nossa percepção, vamos como que nos conectando com a realidade um do outro e, nas sequências e consequências dos acontecimentos nos descobrimos. 

Nas sequências e consequências do Amor, o Divino assume formas, cores e dimensões. Cria laços, edifica a história, abre caminhos, transcende o real, e a vida acontece. 

Tudo são sequências e consequências... Tudo surge e ressurge deste eterno movimento. Mesmo quando rompemos com a sequência, ainda assim, ela se insurge noutra frequência ou se torna latência e, no momento oportuno, ela nos distrai e conecta-se novamente a algum segmento, ação, assume outra dimensão e recupera o movimento. Ui! 


Sonia Arnold