Como é bom, depois de um dia extenuante de trabalho ou de
uma viagem ou de um encontro com amigos, poder voltar para casa e reencontrar a
família! É como pisar em solo sagrado. Sensação de liberdade, descontração.
Você abaixa a guarda, abraça, faz graça e encontra, no olhar do outro a
segurança, a confiança, o amor que acolhe, ampara e conforta.
Preparar juntos uma refeição, partilhar nosso dia, nossas
tristezas, alegrias, frustrações, estresses, glórias... Dividir tarefas,
assistir um filme, o noticiário, futebol, um programa infantil; ou até ir para
o computador e manterem-se conectados através do face, por vezes é daí que
planejamos o fim de semana, as férias, a vida...
Em família não tem rotina, porque a vida está sempre em
processo de construção e transformação, sequências e conseqüências. Ela se
fortalece na construção da casa, dos filhos e dos vínculos de amizade.
Quase tudo que se faz em família, é como que efêmero, por um
tempo, logo se transforma. É o tempo de amar, de construir laços, fracassos;
tempo de sonhar, conquistar o mundo; tempo de se encantar, de se apaixonar, de
pensar o futuro; tempo de viver a dois, de ter filhos, de ensinar os primeiros
passos, de levar para a escola, de carregar a mochila, os amiguinhos, de entrar
em casa tropeçando aqui e ali, numa boneca, num ursinho, um automóvel; Tempo de
brincar de amarelinha, de ir à matinê, à pracinha, ao parque de diversões;
tempo do confronto de gerações, de soltar a mão, de segurar o coração, de
festas, de reuniões; tempo de sintonizar conosco, de pensar novos projetos,
novas construções, novos caminhos; o tempo da saudade, de voltar a ser dois ou
um, mas noutra perspectiva; tempo de ser pensado, cuidado, carregado,
ultrapassado; de voltar a sonhar, de desconstruir o passado, valorizar mais o
presente, de desconsiderar o futuro; “tempo, tempo, tempo, tempo...” difícil
imaginar a vida, o tempo, fora da família.
É na família que
construímos essa idéia de viver em função do outro, e é assim, construindo e
edificando o outro que nos tornamos nós. E nós, são uma espécie de laço. As
amizades também geram laços, mas de outra natureza, podemos dizer que são laços
periféricos, formados por eus. Os laços de família são como que nós centrais
que nos agregam e nos levam para além; os laços de eus, periféricos, são como
jardins floridos em torno dos nós, dão cor e aroma à vida, tornando- a mais
prazerosa, mas nossa referência, nosso porto seguro ainda é a família.
Na família acontece algo semelhante à organização dos gansos
ao voar. Na medida em que crescemos vamos mudando de posição (papel, função)
dentro do grupo familiar, e ao assumirmos isso a família permanece unida e
sempre capaz de alçar novos vôos. Sagrada Família! Não podemos nos perder de
ti!
Sonia Arnold
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